Nos últimos anos, muitas empresas se vestiram com as cores da diversidade, equidade e inclusão (DEI). Lançaram campanhas, criaram programas, estamparam compromissos em relatórios corporativos. Mas, agora, diante de mudanças no cenário político e econômico, algumas começam a recuar.
A pergunta que fica é: era compromisso ou conveniência?
Quando a inclusão vira opcional
Empresas como Walmart, Lowe’s, Google, Meta, McDonald’s e Amazon decidiram reduzir ou eliminar suas iniciativas de DEI. O que mudou? A necessidade de ambientes diversos e inclusivos desapareceu? O impacto positivo da equidade nos negócios deixou de existir?
Isso escancara uma realidade incômoda: para algumas corporações, a diversidade nunca foi um compromisso, mas uma estratégia de mercado. Algo útil enquanto gerava reputação positiva, engajamento e lucro. Mas descartável quando passou a gerar questionamentos, pressões ou aparentou não trazer retorno imediato.
se um valor só vale quando convém, ele nunca foi um valor. Foi apenas marketing.
Quem sustenta o discurso quando é difícil?
Enquanto algumas empresas desmontam seus programas de DEI, outras seguem firmes. Apple, Costco e Sales Force continuam investindo em diversidade e inclusão, não porque é fácil, mas porque acreditam que isso faz parte de quem são.
A diferença entre as empresas que seguem e as que recuam não está apenas na estratégia, mas na essência.
- Compromisso de verdade resiste à pressão. Se uma empresa abandona um princípio no primeiro sinal de dificuldade, ele nunca foi um princípio de fato.
- Empresas coerentes constroem confiança. Se uma organização diz defender inclusão, mas recua diante de qualquer adversidade, que credibilidade ela tem?
- A diversidade não é um projeto paralelo. Empresas que realmente valorizam DEI sabem que não se trata de uma campanha ou de um benefício extra, mas de uma parte essencial da cultura organizacional.
E agora, quem perde e quem ganha?
Quando uma empresa recua em DEI, todos são impactados. Mas de formas diferentes.
- O consumidor se depara com marcas que dizem uma coisa e fazem outra. Ele pode questionar se vale a pena investir seu dinheiro em uma empresa que só sustenta valores quando lhe convém. Marcas construídas sobre coerência e confiança tendem a criar conexões mais profundas com seus clientes.
- O funcionário percebe que seu local de trabalho talvez não valorize a diversidade como dizia. Isso pode afetar sua motivação, seu senso de pertencimento e, a longo prazo, a retenção de talentos. Empresas que mantêm um ambiente inclusivo não só atraem profissionais mais qualificados, mas também fortalecem a cultura organizacional.
- O empresário precisa decidir qual legado deseja deixar. Empresas que sustentam seus valores, mesmo diante de desafios, constroem marcas mais sólidas, equipes mais engajadas e negócios mais preparados para o futuro. A DEI não é um custo, mas um investimento em inovação, produtividade e longevidade.
O compromisso com diversidade, equidade e inclusão não pode ser um acessório de luxo, a ser usado quando convém e descartado quando desafiado. Empresas que entendem isso criam valor para todos: consumidores, funcionários e acionistas. Já aquelas que tratam a inclusão como descartável podem, mais cedo ou mais tarde, perceber que a confiança também é.
É claro que existem várias camadas neste assunto, minha ideia é começar um diálogo que acredito ser muito necessário. Faz sentido para você? Se sim, por quê? Se não, por quê?quero muito ouvir a sua opinião.