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Além das tendências do varejo

Data
22/12/2023
Autor
Fred Alecrim
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Além do evento, uma parte que considero fundamental, nesta expedição (como chamamos as missões empresariais que coordenamos), é o mergulho no varejo, de verdade. A curadoria de lojas e visitas para ver o que verdadeiramente está sendo praticado e quais os resultados. Há sempre ótimas surpresas, como o dia que passei, em 2023, com um dos grupos que coordeno com meu parceiro Caio Camargo, pelo Brooklyn em Nova Iorque. Vimos nos palcos da NRF e constatamos nas visitas, o fortalecimento de tendências como negócios LOCAIS, CONSCIENTES e também a volta ao básico.



Tendências, Pendências e Urgências.

Em minhas palestras, sempre mostro um slide com um apanhado das principais tendências apresentadas na NRF, desde 2010. É interessante ver o efeito que esta informação causa nas pessoas. Falo sobre isso para logo em seguida trazer um conceito que venho desenvolvendo há um tempo. Falamos muito sobre o futuro, sobre as tendências, mas no varejo não há só tendências, concorda? Por isso falo que além das tendências, há Pendências e também, Urgências. Isso mesmo!

Tendências: O olhar e agir, quando necessário, para o que pode melhorar e/ou impactar seu negócio em um período de até cinco anos. O que é necessário fazer, implementar para melhorar o negócio e os resultados.

Pendências: O olhar e agir pro hoje, o agora. O que é necessário fazer hoje para não gerar urgências. As pendências ainda não estão impactando negativamente os
resultados do negócio, mas se não forem tratadas, se tornarão urgências e aí, sim, o impacto negativo significativo!

Urgências: É o olhar e agir pro ontem. Coisas que já deveriam ter sido realizadas, mas que, por algum motivo, não foram. Isso está impactando na competitividade, na margem, na reputação, nas vendas e em outros resultados do negócio. Se não cuidar, pode, inclusive matar o próprio negócio.

Por onde começar? Pelas urgências, concorda?

Abaixo estão os principais temas e tendências apresentadas nos palcos das NRF

Desde 2010 que apresento, em um slide, nas minhas palestras. Lembrando que como este texto, este resumo de tendências é o meu ponto de vista, nada mais do que isso. E aí, vamos dar uma olhadinha? Convido você a olhar com atenção e definir se para o seu negócio cada tema é uma tendência, pendência ou urgência. Se quiser, depois elabore um plano de ação, começando pelas urgências e terminando com as tendências.

Mapa das "tendências" desde 2010

2010
➔ Redes Sociais: Este foi o ano em que os varejistas começaram a adotar as redes sociais como uma ferramenta poderosa para o engajamento dos clientes e o marketing.

2011
➔ E-commerce: A ascensão das compras online foi um divisor de águas para a o varejo. Os varejistas começaram a investir pesadamente em suas plataformas de e-commerce para atender à crescente demanda por compras online.

2012
➔ SOLOMO (Social, Local e Mobile): Essa tendência enfatizou a integração das mídias sociais, marketing local e tecnologia móvel. Os varejistas focaram em oferecer experiências personalizadas e baseadas na localização aos clientes
por meio de dispositivos móveis;

➔ Social Commerce: As mídias sociais estavam ganhando popularidade. Algumas características do social commerce já começavam a surgir. Por exemplo, as marcas começaram a experimentar a criação de páginas e perfis
nas redes sociais para se conectar com os consumidores de maneira mais direta. Essas páginas permitiam que as empresas compartilhassem informações sobre produtos, promoções e eventos especiais, criando uma interação mais próxima com seus clientes. Havia também uma integração de botões de compartilhamento social em sites de comércio eletrônico. Esses botões permitiam que os usuários compartilhassem produtos e/ou ofertas em suas redes sociais, ampliando o alcance e a visibilidade da marca. Além disso, algumas marcas começaram a experimentar a implementação de sistemas de avaliações e comentários de clientes em seus sites de comércio eletrônico. Isso permitia que os consumidores compartilhassem suas opiniões sobre os produtos, oferecendo dicas e ideias valiosas para outros consumidores.

➔ ZMOT: O conceito de ZMOT (Zero Moment of Truth - Momento Zero da Verdade) desenvolvido pelo Google refere-se ao momento em que um consumidor pesquisa, avalia e toma decisões de compra antes mesmo de entrar em contato com uma marca. É o estágio muito importante onde os consumidores são influenciados por opiniões, avaliações e conteúdo online para antes de comprar algo. O ZMOT destaca a importância das estratégias de
marketing digital em se conectar com os consumidores nesse momento inicial da jornada de compra.

2013
➔ Showroomer, Omnichannel, Big Data, Capitalismo Consciente: O showrooming tornou-se destaque; os clientes visitavam lojas físicas para experimentar produtos antes de fazer compras online. Os varejistas também adotaram estratégias omnichannel para proporcionar uma experiência de compra sem interrupções em vários canais. A análise de big data e as práticas de capitalismo consciente também ganharam espaço.

2014
➔ Phygital: O conceito de misturar os mundos físico e digital do varejo ganhou impulso. Os varejistas buscaram criar experiências imersivas e interativas combinando elementos do comércio online e offline.

2015
➔ Loja física, fim dos caixas e Mobile: Este ano as lojas físicas tiveram grande destaque, apesar do crescimento do e-commerce. Os varejistas focaram em aprimorar a experiência na loja e explorar soluções de pagamento móvel para
agilizar o processo de checkout.

2016
➔ Propósito e experiência sem atritos: Os varejistas começaram a enfatizar o propósito e os valores de suas marcas para se conectar com os clientes em um nível mais profundo. O foco passou a ser oferecer experiências de compra sem atritos e sem complicações.

2017
➔ Transformação digital e Dados: O rápido avanço da tecnologia levou os varejistas a adotarem a transformação digital. A análise de dados se tornou crucial para entender o comportamento do cliente e personalizar experiências.

2018
➔ Startups: Os varejistas passaram a colaborar com startups para inovar e se destacar da concorrência.

2019
➔ Realidade virtual e realidade aumentada: Os varejistas exploraram o potencial das tecnologias de realidade virtual e aumentada para aprimorar a experiência de compra e proporcionar interações imersivas com seus produtos e produtos.

2020
➔ Novo papel da loja física, conexões humanas, varejo como serviço: A pandemia de COVID-19 remodelou o cenário varejista. As lojas físicas tiveram que se adaptar a novos papéis, como se tornarem centros de distribuição ou hubs de experiências. Os varejistas também priorizaram a construção de conexões humanas com os clientes e abraçaram o conceito de varejo como serviço.

2021
➔ Aceleração digital, sustentabilidade Humana, Consciência, Diversidade Inclusão, Equidade e Pertencimento, Cibersegurança e Logística: A pandemia acelerou a transformação digital e a sustentabilidade se tornou um foco importante para os varejistas. A consciência humana, a diversidade, a inclusão, a equidade e o senso de pertencimento ganharam destaque. A cibersegurança e a logística também receberam maior atenção.

2022
➔ Pessoas, ESG, Metaverso, Logística: ênfase nas pessoas, priorizando o bem-estar dos funcionários e adotando abordagens centradas no cliente. Os fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) se tornaram centrais para as estratégias das empresas. Além disso, o surgimento do metaverso trouxe promessas de novas possibilidades de experiências de compra virtuais. A logística também foi um aspecto importante, com os varejistas buscando otimizar as cadeias de suprimentos e a entrega de produtos.


2023
➔ 3C's (Conflitos, Clima, Covid-19), Permacrise, Gestão, Volta ao Básico, Inteligência Artificial: O ano de 2023 trouxe uma maior conscientização em relação aos conflitos globais, as mudanças climáticas e o legado da pandemia de Covid-19 e sua influência no comportamento de consumo e no mercado. A gestão eficiente e adaptável tornou-se essencial para enfrentar os desafios. Além disso, houve um movimento de retorno ao básico, valorizando produtos e
experiências autênticas. A inteligência artificial ganhou um grande destaque com promessas de desempenhar um papel importante, auxiliando na personalização das ofertas e no aprimoramento da eficiência operacional.

Reflexões sobre as tendências:


Como diz meu amigo e parceiro Caio Camargo: Nem todas as tendências apresentadas na NRF viram realidades, mas todas as que se tornaram realidade, passaram pelos palcos da NRF; algumas dessas tendências se tornaram realidade e influenciaram o mercado, enquanto outras estão em estágios iniciais de adoção. Vamos analisar as tendências, que na minha opinião, se consolidaram e fazer algumas apostas sobre as tendências futuras para os próximos 5 anos?

Tendências que se tornaram realidade:


E-commerce: A ascensão do comércio eletrônico tem sido uma das tendências mais marcantes e bem-sucedidas. O e-commerce se estabeleceu como um canal de vendas dominante, permitindo que os consumidores realizem compras com conveniência e rapidez.

Personalização: Com a ajuda de avanços em big data e análise de dados e agora da inteligência artificial, a personalização se tornou uma realidade. Os varejistas conseguem oferecer recomendações e ofertas personalizadas com base no histórico de compras e preferências dos clientes, aumentando o engajamento e a fidelidade. Experiência do cliente: A experiência do cliente tornou-se um diferencial competitivo. Os varejistas estão investindo em criar ambientes atraentes, oferecer serviços UAU e proporcionar interações significativas com os clientes, tanto nas lojas físicas quanto nos canais digitais.

Tecnologias imersivas: Principalmente a realidade aumentada começou a ser utilizada no varejo para aprimorar a experiência do cliente. Os consumidores podem experimentar produtos virtualmente, visualizar móveis em suas casas antes de comprar e desfrutar de experiências interativas nas lojas físicas

Sustentabilidade: A preocupação com questões ambientais e práticas sustentáveis se tornou uma prioridade para muitos varejistas. A implementação de estratégias de sustentabilidade, como redução do desperdício, embalagens ecologicamente corretas e energia renovável, tem se tornado cada vez mais comum.

Tendências que ainda não viraram realidade


É importante ressaltar que essas tendências podem continuar a evoluir e ganhar destaque no futuro, à medida que a tecnologia avança e as necessidades e preferências dos consumidores evoluem e se transformam. O ritmo de adoção dessas tendências pode variar conforme a natureza do mercado, recursos disponíveis e outras influências setoriais.

Aqui estão algumas tendências que ainda não se tornaram realidade em larga escala
no varejo:

Omnichannel: A estratégia omnichannel, que visa fornecer uma experiência de compra perfeita em todos os canais, se tornou não se tornou ainda uma realidade para muitos varejistas. A integração de lojas físicas, plataformas online e aplicativos móveis ainda não permitem que os clientes interajam com as marcas em vários pontos
de contato, sem atrito, seguindo um mesmo fluxo.

Phygital: Embora o conceito de misturar o mundo físico e digital tenha sido explorado por muitos varejistas, a implementação generalizada dessa tendência ainda não ocorreu amplamente em toda a indústria.
Realidade Virtual: Embora a realidade virtual tenha sido adotada em certos setores,
como jogos e entretenimento, sua aplicação generalizada no varejo continua em um estágio inicial.

Metaverso: O conceito de metaverso, que envolve ambientes virtuais compartilhados e interativos, ainda não foi amplamente adotado pelo varejo. Embora existam algumas iniciativas e experimentos relacionados ao metaverso, a sua aplicação generalizada no varejo ainda é limitada.

Os próximos 10 anos


De acordo com pesquisas que realizei, aqui estão as principais apostas para as tendências que surgirão ou se fortalecerão no varejo nos próximos 10 anos:
➔ Automação e inteligência artificial: A automação e a inteligência artificial devem desempenhar um papel cada vez mais importante no varejo, desde chatbots para atendimento ao cliente até sistemas de gerenciamento de
estoque e previsão de demanda e soluções cada vez mais complexas.

➔ Experiências imersivas avançadas: Tecnologias como a realidade virtual e aumentada continuarão a evoluir, oferecendo experiências de compra ainda mais envolventes e personalizadas.

➔ Comércio social: As redes sociais se tornarão ainda mais integradas ao comércio eletrônico, permitindo que os consumidores façam compras diretamente nas plataformas sociais, compartilhem recomendações e interajam com as marcas.

Minhas apostas pro hoje e o amanhã do varejo (5 anos)


Após vermos um pouco sobre as tendências na linha do tempo e algumas apostas de vários especialistas, para finalizar trago para a sua reflexão as minhas apostas para hoje e para os próximos cinco anos do varejo:

Varejo LOCAL: Com a crescente valorização da sustentabilidade e do apoio às comunidades locais, espera-se um aumento no foco no varejo local. Os consumidores estão cada vez mais interessados em apoiar empresas locais e valorizar produtos e serviços produzidos localmente. Além disso, eu e o Caio Camargo desenvolvemos um conceito do que é ser LOCAL para ser relevante nesta tendência: Lojas Orientadas para a Comunidade e Afinidades do Lugar.

Proximidade, Comunidades, Pertencimento e Personalização são alguns pontos aqui.

Varejo VIVO: A experiência física nas lojas continuará a desempenhar um papel fundamental no varejo. As marcas buscarão criar ambientes UAU! E interativos para atrair os clientes, oferecendo experiências que vão além das simples transações comerciais. Uma loja sempre em movimento, inovando, evoluindo, que vai além do produto.

Varejo Consciente: A sustentabilidade e a responsabilidade social se tornarão ainda mais importantes no varejo. Os consumidores estão exigindo práticas comerciais mais éticas e sustentáveis, desde a cadeia de suprimentos até as embalagens e a responsabilidade ambiental das empresas. Se não SOMA, SOME!

Varejo Básico: Uma tendência crescente será o retorno ao básico. Os consumidores estão procurando por produtos de qualidade, autênticos e duráveis. Marcas que se concentram em oferecer produtos essenciais, com simplicidade e funcionalidade, terão espaço no mercado. Além, é claro de um olhar e agir detalhado para os fundamentos do varejo. Gestão, Logística, Preço, Pessoas, etc.

E aí, plano de ação pronto?
Espero que tenha gostado deste material que preparei com carinho; desejo que de alguma maneira te ajude a expandir consciência, refletir e claro, a agir na direção que faça sentido para você e seu negócio e que com isso haja mais e melhores resultados.

Movimento gera movimento!

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